quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

16

Tenho a dizer que a partir de hoje já posso sair à noite sem ir parar à esquadra, beber, casar, ter relações com maiores e tirar a carta de motas e micro-cars.
Afinal o que é um ano? Um ano é o intervalo de tempo que a Terra demora a dar uma volta completa ao sol. Pronto. Eu já passei pelo Sol 16 vezes. E isso dá-me direito a fazer aquelas coisas todas. É engraçado.
Por acaso acordei mais alta e tudo... estava muito mais alta que a minha mãe, mas fomos medir e afinal era só uma ilusão de óptica.
Na América é que é fixe. As miúdas lá, com 16 anos, fazem grande rave, festas de aniversário maiores que o senhor de matosinhos, e recebem carros e coisas assim razoáveis. Eu como sou muito portuguesa, prefiro vir para aqui escrever parvoíces enquanto como bolo rei, passar a tarde com este e com aquele e o ano novo no sofá com aqueles programas felizes da tvi. Parece-me muito melhor!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Hipocondrismo

Acho que com este acabo de passar para aqui toda a caquinha que queria...

Não há nada pior para uma pessoa hipocondríaca como eu que sentir pontadas e dores no peito a respirar e uma sensação de estrangulamento no braço esquerdo, (sim, as minhas veias dilataram, não foi bem dilatar, foi tipo, vi-as mais salientes) e uma espécie de formigueiro, vir ao google tentar perceber o quê que isso significa mesmo, e lermos que são sintomas de infartes e avc's. É, ia ''tendo um ataque'' ao ler isto.

Estou mesmo assustada. A tremer. (Acabo de sentir um formigueiro na perna esquerda.) Mas estou muito, mesmo. Sou muito medriquinhas em relação a estas coisas. Atinjo o pique da adernalina a ler o abc das doenças. Já desde miúda... e sinto-as! Faço um escândalo para engolir um comprimido com medo de me entalar e morrer com falta de ar... e com 15 anos ainda tomo ben-u-ron em xarope! Ah, e leio trinta vezes aqueles folhetos das contra-indicações antes de tomar qualquer coisa... Bato mal. É, mas gostava imenso de poder dizer que não tenho medo de morrer e não sei quê, é mesmo fixe dizê-lo, mas não é verdade, nada verdade, no meu caso, pelo menos. Eu morro de medo da morte. E é nestas alturas que deixo o meu ateísmo de lado por uns instantes para suplicar aos subúrbios sei lá o quê e prometer, jurar, a eles, ou a mim mesma, que vou começar a ter uma vidinha saudável, ou pelo menos, não tão enferma.

E é por isto mesmo que não estou no hospital neste momento, que era onde eu queria estar, a ser atendida por um desses médicos e a fazer toda a espécie de exames, a adiar a morte... Não estou, porque os meus progenitores dizem que isto é psicossomático. Como sempre. Da faceta de psicólogo do meu pai ouço que blá blá blá não sei quê é resultado da ansiedade, (por causa duma ceninha mesmo enervante que me aconteceu que eu já vou contar se não falecer entretanto) , uma reacção fisiológica qualquer que me faz acreditar que sinto estas dores e mais não sei o quê. E as minhas veias, mesmo aquelas mais fininhas, que eu nunca tinha visto, a assanharem-se todas no meu braço? Também foi psicológico?

É, eu aqui prestes a morrer, em pleno dia dos mortos, e eles querem dar-me Metamidol, armados em médicos!! Enfim. Recuso-me.

Ah, o que me inervou! Eu fui assaltada no dia 10 de Setembro... Sei a data porque nesse mesmo dia referi isso num post qualquer. ''Normal ou Anormal?''. Roubaram-me o telemóvel, e eu tinha comprado só há coisa de duas semanas um telemóvel novo. E ontem... ou hoje... no estado novo... pim! Fui gamada outra vez! Ok, desta vez foi diferente, porque não lhe vi o focinho, nem me apontou uma navalha... E claro, há aquela hipótese de o ter perdido, o que não me cheira, porque eu lembro-me bem de o ter posto na carteira depois de ter ficado sem bateria, e porque a ceninha da minha mala estava estragada, alguém forçou aquela merda.

Ora, é inervante, e estragou-me a noite. Porque ser assaltado e ficar sem um telemóvel já é enervante por si só. Agora, ficar sem um telemóvel que ainda tinha o plástico a proteger a câmara fotográfica, e que só existia porque há coisa de um mês e tais me tinham gamado o outro... não é fudido... é um bocadinho pior que isso. Percebem a ideia? Ainda bem que não.

Na altura fiquei decidida a esconder isto dos meus pais e a juntar dinheiro até comprar um igual sem que eles notassem. Mas não deu. Estava eu na sala quando explodi. E pronto, serviu-lhes para confirmar as suas teses de que isto tudo que eu estou a sentir não é mesmo nada, e a outra, clássica já, de que eu sou uma irresponsável e blá blá blá. Mas não fiquei melhor desta coisa toda do pseudo-avc depois de lhes ter contado, e a dor do braço está a aumentar por estar aqui a escrever. A escrever o meu Testamento. (CREDO! truz truz truz)

Por isso vou só dizer mais uma coisinha... Fiquei intrigada com uma coisa.

Quando sou assaltada no meu estado mais sóbrio, que é quando me apontam a navalha... eu desmancho-me num ataque de riso logo a seguir.

Quando sou assaltada assim já um bocadinho mais alegre do que o que era suposto estar, sem navalha, sem nada de medonho ou assutador... desmancho-me a chorar.

Pergunto-me outra vez... serei normal?

Normal ou não, não quero morrer. Quero que este post não passe de uma cena muito estúpida de uma miúda histérica e paranóica que sente uma dorzinha no braço e no coração e pensa logo que vai falecer...

1 de Novembro praí... que é o dia dos mortos... é dezembro e afinal nem morri... aquilo era só uma 'somatização'! qualquer coisa dos psicológicos... tá-se bem!

sou crente

Um incêndio... que queimasse violentamente toda a opacidade existente, dando lugar a uma transparência estranha, mas magnífica. Que derretesse as antigas estruturas e moldasse novas.
Que nos despisse e nos enterrasse as máscaras, escrevendo-nos cruelmente o subconsciente nas testas. Que nos obrigasse a pensar sem palavras e a ver o reflexo da dúvida e da verdade nas suas chamas.
Que nos esterlizasse as mentes, e quase as formatasse, como um começar do zero. Que nos fizesse depender a felicidade da felicidade dos outros, ao invés das suas humilhações.
Que matasse a individualidade, e nos unisse num enorme e único ser, nú, todo ele de sentimentos.
Que nos fizesse regressar às origens, como quem retira os enfeitos a uma árvore de natal...

Menos tretas, e muito mais amor... Acho eu que era mesmo bonito...

é

''Toda a acção é necessariamente mal conhecida. Para que não expressemos contradições de momento a momento, precisamos de uma máscara - como acontece se quisermos ser sedutores. Mas é preferível conviver com os que mentem conscientemente, porque esses também sabem ser verdadeiros conscientemente. Porque, a sinceridade habitual não passa de uma máscara, da qual não temos consciência. ''

Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'

Teoria da mosca

Então é assim... vou revelar a minha teoria da mosca. Mas deixem-me terminar a minha tosta-mista primeiro. Terminei. Ok estava óptima, vou fazer outra.
...
É o seguinte. Eu, a intérpida astronauta spiff (calvinices a mais)acho que descobri o porquê de as moscas, que eu pessoalmente acho nojentas, tipo o cúmulo da nojisse mesmo, andarem atrás da merda dos cães como as miúdas atrás dos gajos, ou como os gajos atrás das miúdas. Melhor, como eu atrás das vinhetas do Mac Donalds nas coca-colas e nas batatas que ficam nos tabuleiros. Anyway. EUREKA! Então é assim, muito simples, estas férias tive a oportunidade de tomar conta de um au au (um cão), um dálmata muito foooofo com um olho azul e outro castanho. E a ele devo a minha big big discovery. Foi muito bom, adoro animais (mas odeio moscas, deviam morrer todas coladas e afogadas e embrulhadas e enterradas nos escrementos moles dos animais). Continuando, esse dito cujo au au fazia cócó. Um ali, outro aqui, e as moscas sempre ali a zumbir às voltas como se aquilo tivesse prémio, ou alguma coisa assim de interessante, não era nada comigo, mas porra, não me cabia na cabeça, caramba ''não faz sentido, elas são estúpidas!?'' Mas tem! Acontece que, um dia, vi esse mesmo au au a comer uma mosca, outra coisa que não me coube na cabeça, ''caramba, mas um au au come moscas?''. Ora, eu daqui só tiro uma conclusão: As outras estavam, claramente, à procura dos defuntos!

Agosto. (entretanto o au au morreu)

Vou-vos falar do quarto da minha tia

Escuro, pequeno e depressa se tornou desarrumado. Talvez porque raramente me dava ao trabalho de abrir a persiana, ou de fazer a cama, ou simplesmente porque lhe apetecia concordar comigo, ou ilustrar, representar o ambiente que envolvia a minha cabeça, que estava em todo o lado, menos ali. Nada daquilo me pertencia, eu não conhecia aqueles objectos, estavam nulos de valor para mim, mas souberam acolher-me, e foi neles, e naquele recinto que me procurei sem cessar no meio do tudo que não me era nada. Depressa me tornei nas paredes, e o chão dissolveu-se nos meus pés. No tecto ficaram estampadas ideias mortas, nos objectos impressões digitais dos meus olhos, nos quatro cantos sentimentos, água e cloreto de sódio. Aquele espaço passou a pertencer-me. E tornar-me-ei nele de cada vez que o silêncio o invadir para me acordar.

Blog número quinhentos e dois.

Isto está na moda e não mata árvores. Estou aqui estou a mudar de blog pela sexagésima vez porque o título já não me serve. Mas pronto. É para vir arrotar tudo o que não se arrotou durante o dia. Como se eu já não arrotasse que chegue...
Deixando-me de tretas e passando às tretas...

''opá tipo coiso''. Um blog. Apetece-me. É como um escapar ao contexto da normalidade, um fugir ao mundo sem deixar de pensar nele, um vingar de um estado melancólico e sub-consciente que só se consegue ser aqui, no fundo, o lar do ponto morto que há em nós e do lixo e das das ideias abortadas que não fariam sentido nem encontrariam encaixe em mais lugar algum que não este. Pensamentos estúpidos e menos estúpidos. Um querer desembrulhar o mundo, mas cair no ridículo. No ridículo ou num remoínho de onde não podemos voltar a sair, porque nos prende violentamente ao seu vazio, e nos obriga a dar passos em volta, sem nos deixar viver a vida inconscientemente, como nos tinham ensinado a fazer.
É um mergulho, ou até mesmo um grito, que surda a indiferença e nos devolve a vontade de voltar a tudo de que fugíamos até então...