segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

um título qualquer tipo ''tenho os pés frios''

Na pontinha, mesmo no fim do dia de ontem lembrei-me que há coisa de um ano tinha uma espécie de diário, e resolvi fazer-lhe uma visita, já não escrevia coisas assim esquisitas, parvas e ao molho há uns tempos, devia estar psicologicamente enbriagada ou assim, acho eu. Não é que não goste do caderno, é um caderno preto, e gostava muito dele, só que a minha mãe adorava abri-lo de vez em quando, e o pior é que corrigia os erros ortográficos com uma caneta por cima, mesmo a dizer ''eu estive aqui!''. Não tem piada. E foi assim que me deixei disso.


‘’Lembrei-me que em miúda era especialmente friorenta. Eu era frio no inverno e no verão. E ao mínimo descuido, constipava-me. Hoje não sou, reparei. Porque o meu quarto está gelado, dizem, e eu estou aqui na mesma. E, sincerely, ainda procurei, mas não, não vejo esse frio em lado nenhum. A sala sim, está muito quente, e eu não quero calor agora, que o calor faz barulho. Estranho, mas agora quero muito estar aqui, e muito tempo, não no frio, mas no fresquinho, e no silêncio, quero-me ouvir a mim, quero ouvir o que este lápis tem para me dizer, mesmo com este candeeiro que eu mal consigo ver a berrar com os meus olhos, nesta escrivaninha de madeira velha e desarrumada por natureza que eu tenho desde miúda, com riscos , tintas e arranhões que o planisfério se esforça por tapar.

O vento anda aí hoje. Furioso, faz-se ouvir, e berra comigo. Por eu ter deixado a manteiga fora do frigorífico a noite toda ou para o ir ajudar a fazer qualquer coisa. E eu retenho todos os gritos dele, e já não são só os meus olhos que encolhem, eu encolho com eles. Parecemos esponjas. O vento é muito agudo e muito forte, assalta-me, entra-me e mexe comigo porque fiz algo de errado, tenta deitar-me ao chão e eu não me sei defender.
E pronto, é assim. Pego num lápis só porque sim, porque é novo, grande e tem o bico afiado, e começo a riscar por riscar. No meu caderno das parvoíces. E começo a achar que me vejo nas palavras que escrevo e que estes rastos sonoros de grafite são tanto eu como são os meus dedos e como é a minha voz. Engano-me? Ou é isto mesmo a continuação dos meus dedos e da minha voz?

No fundo acho que só gostava de tirar os fantasmas da minha cabeça, um por um, e de os pendurar, com molas, nestas linhas, como se fossem estendais. De os deixar escorrer, de os ver correr num texto. Se o soubesse fazer.

...

A propósito de nada, um aparte, eu acho que as pessoas têm a mania de se entregarem em demasia a determinadas coisas ou a determinadas pessoas, e não deviam, não deviam porque é um bocado como apoiarem-se em pilares não seguros, em muros construídos de fresco e pouco solidificados, que se desfazem só com o peso dos cotovelos, e depois caem de cu no chão e não é bom. Porque ao falhar-lhes essa coisa, acaba por lhes falhar tudo. E a culpa é delas por atribuírem o peso de ‘’tudo’’ numa ‘’coisa’’ jamais capaz de suportar um ‘’tudo’’. São burras e a culpa não é do muro, ninguém lhes mandou meter lá a pata, ninguém lhes disse que aquilo algum dia tinha que ser qualquer coisa como a bengalinha, o apoio, o suporte da vida delas.

Aprendo a ignorar o vento, esqueço o tempo, adormeço numa manchinha verde escura de tinta que suja, com outras, e com prazer, a minha escrivaninha há anos. Adormeço aqui porque a minha vista já saturada de vermelho e zangada com a luz do candeeiro fugiu para fora de mim, e levou com ela a noção consciente do que eu estava a fazer. Se é que estava a fazer alguma coisa. Dou passos naquela manchinha sem querer ir a lado nenhum, e não encontro nada, só a espera que chegue alguma coisa para me acordar... Se é que eu preciso de acordar... Se é que estou mesmo a dormir... Não consigo nem perceber se tenho sono ou não.

Eu sei que só pego em ti quando não tenho mais nada. E que te uso e que te faço engolir as minhas palavras quando me apetece. É egoísmo e ingratidão que tu, caderno, carregas sem protestar. Não vou pedir desculpa. Revolta-te e ignora-me tu também, és quem mais motivos tem para o fazer. Vou-te deixar e vou-me deitar, ''que o meu mal deve ser sono.'' Porque amanhã já é terça. E a seguir já é quarta. Finalmente quarta. Depois, se quiseres, conto-te como correu quarta. E quinta... quinta o despertador vai tocar outra vez. Preciso da rotina, preciso tanto...''

A propósito, isto das pessoas falarem com objectos inanimados é uma doença e tem um nome...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Borrow

E se eu tiver passado para o outro lado da música?

...

É mesmo verdade que as coisas atrás de nós parecem comprimir. E acabam por parecer muito mais interessantes também. Por isso é que às vezes tenho a mania de rever todos os anos da minha vida como se de um filme se tratasse. Porque a nossa memória é a coisinha mais medíocre que anda aí e se calhar não devia ser, e de um ano, por muito que se queira, não se conseque lembrar de tudo o que se comeu, tudo o que se sentiu, tudo o que se pensou, tudo o que se disse e se ouviu, tudo o que se fez, todos aqueles momentos mais estranhos e fugazes mas interessantes, nem as coisas mais banais a nossa memória consegue suportar. Por muito banais que sejam, foram vividas, e se repararem, a nossa memória acaba por matar pedacinhos da nossa vida. Pedações! Por isso é que eu não gosto dela. O que ficam, são as coisas mais ou menos e relativamente importantes, algumas, muito boas ou muito más e outras insignificantes que escapam. Mas eu queria todas. É que depois fico com a sensação que foi grande ano. E nem foi se calhar. É um bocadinho frustrante. Estão a perceber?

E eu tenho traumas com músicas, digo isto cinquenta mil vezes por dia mas ninguém quer saber. Também não quero saber se vocês têm. Eu tenho porque algumas conseguem, nelas, levar partes de mim para um plano passado. São complementos à minha memória. Por exemplo… Músicas que eu ouvia no meu sétimo ano ao ir para a escola… Esse ir para a escola acabou por ficar registado nelas. E ao ouvi-las eu consigo viver um bocadinho lá. Consigo ir um bocadinho para a escola. E não só. No entanto, se eu vos puser a ouvir a mesma música, vocês não vos vão sentir, e muito menos a mim, a ir para a escola. Mesmo não sendo real, não quero saber, eu consigo. E é bom. Mas ligeiramente perturbador e incomodativo se resolvermos pensar sobre o assunto. O que são estas ideias de passado, de presente e de futuro que nós temos? O que é o tempo? Alguém sabe se o tempo existe? Boa, nem eu. Mas se existir, é o passado que o está a ''comer?''

Eu estou a escrever neste blog. Na verdade estou no Word. Mas não interessa. É presente. O que implica já ter sido futuro no passado e vir a ser passado no futuro. Grande cena. Podemos dizer que caminhamos em direcção ao futuro? Enquanto ele caminha em direcção ao nosso presente até continuar e, a certa altura, se espetar no nosso passado? Se assim for… então estamos numa constante fuga ao presente, a atirá-lo, em vão, para o passado, (em vão) porque o futuro continua a devolver mais presentes de cada vez que o fazemos. Por outro lado, podemos considerar o passado matéria morta? Ou não, porque apesar de só existir no formato ‘’.memória’’, continua a condicionar a nossa vida num plano ‘’vivo’’/actual? E o futuro, é uma ilusão? Ou uma conclusão dedutiva resultante da relação do passado com o presente , ou seja, do facto de o presente actual ter sido já um dado desconhecido, uma incógnita em relação ao passado, quando este passado ainda era presente, e de haver por isso, necessariamente, um ''futuro'' presente em relação ao presente actual?

E a nossa própria vida? Podemos dizer que a nossa vida é uma transferência, uma ''passagem de um saco para o outro''? Por nascermos sem passado, mas cheios de futuro? E morrermos cheios de passado, mas sem futuro, quando esse futuro se cansa de se estar sempre encontrar com o passado no passado e de nos dar presentes, e decide lá ficar, sempre, convertido a passado, adormecido, inalterável?

E se, como nos filmes de ficção científica, por A mais B e através de cálculos super complicados e todos xptos sobre anos-luz fosse mesmo provado e previsto, pelos cientistas, um possível regresso ao passado? E se assim o passado passasse a ser reversível? Seria bom? Ou disporíamos dessa nova função para o tornar irreversível outra vez?

Vou publicar isto... Estou a publicar... E já publiquei.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

pretty visitors

Amanhã é dia de Arctic Monkeys.
(Note-se que o tão esquecido 'c' entre o 'r' e o 't' é importante.)













(Note-se também que é a primeira imagem na vida do Blog. O Blog perdeu a virgindade das imagens com o Turner, yey!)

(Note-se ainda que é também a primeira vez que uso esta expressão do ''note-se'' e que estou a estrear o botãozinho que altera o tamanho das letrinhas.)
Estou-me a passar. Ignorem. Isso mesmo.
Amanhã vai ser fixe. Vou sair da escola às seis e meia e tentar chegar à paragem de autocarro às seis e meia e trinta segundos. O dito cujo vai demorar meia hora a chegar só porque eu quero que ele chegue rápido. Vou chegar ao coliseu e vou ver uma fila mesmo fixe até à fnac. Vou estar três horas no fim dessa mesma fila ao frio e sem jantar. Os mystery jets e os macaquinhos do ártico vão ocupar 15% do meu campo visual, sendo que os restantes 85% vão ser cabeças, braços e o tecto do coliseu. E porque afinal são 30 euros, as pessoas vão cagar em mim quando eu desmaiar a meio com falta daquelas coisas que a comida dá ao sangue, ou de emoção. É mais hardcore dizer a do sangue. Esqueçam a emoção.
E não me chamem pessimista. Isso era se tivesse referido a falta de ar aliada a confusão, a surdez, o sono que estão para vir. Não referi, pois não? So shut up.