terça-feira, 27 de dezembro de 2011

excerto que a minha mãe me deixou num post-it, no meu ambiente de trabalho, porque é fofa

«A arte que repete o mundo e a realidade, que o copia como um principiante com a língua de fora a desenhar no papel a cadeira que está à sua frente, essa arte é errada, imbecil, inútil, decadente, miserável, mesquinha, vazia, estúpida e fica bem nos catálogos.»

Gonçalo M. Tavares
"Uma viagem à Índia" - Canto VII, estrofe 55

quarta-feira, 25 de maio de 2011

e foi assim que a vida deu uma volta

ouvi esta música, em tempos, a achar que o seu sentido chegava completo até mim.

quando lemos/ vemos/ ouvimos o que quer que seja que tenha alguma coisa que fuja para o vago, temos a tendência em identificar episódios da nossa vida em todos os trechos que fogem do concreto e, consequentemente, se aproximam de um significado mais vazio e aberto a interpretações.

entendemos, em frases dessas, o que queremos entender porque já havia em nós uma disposição prévia que nos levasse a encontrar aquelas coisas. adaptamos o sentido da frase ao que procurávamos, e somos felizes assim, e achamo-nos entendidos.

é isso


terça-feira, 15 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Insónia

Não durmo, nem espero dormir. Nem na morte espero dormir. Espera-me uma insónia da largura dos astros, E um bocejo inútil do comprimento do mundo. Não durmo; não posso ler quando acordo de noite, Não posso escrever quando acordo de noite, Não posso pensar quando acordo de noite — Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite! Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer! Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo, E o meu sentimento é um pensamento vazio. Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo; Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo; Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada, E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo. Não tenho força para ter energia para acender um cigarro. Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo. Lá fora há o silêncio dessa coisa toda. Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer, Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir. Estou escrevendo versos realmente simpáticos — Versos a dizer que não tenho nada que dizer, Versos a teimar em dizer isso, Versos, versos, versos, versos, versos… Tantos versos… E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim! Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir. Sou uma sensação sem pessoa correspondente, Uma abstracção de autoconsciência sem de quê, Salvo o necessário para sentir consciência, Salvo — sei lá salvo o quê… Não durmo. Não durmo. Não durmo. Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma! Que grande sono em tudo excepto no poder dormir! Ó madrugada, tardas tanto… Vem… Vem, inutilmente, Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta… Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste, Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança, Segundo a velha literatura das sensações. Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança. O meu cansaço entra pelo colchão dentro. Doem-me as costas de não estar deitado de lado. Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado. Vem, madrugada, chega! Que horas são? Não sei. Não tenho energia para estender uma mão para o relógio, Não tenho energia para nada, para mais nada… Só para estes versos, escritos no dia seguinte. Sim, escritos no dia seguinte. Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte. Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora. Paz em toda a Natureza. A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras. Exactamente. A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras. Costuma dizer-se isto. A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece, Mas mesmo acordada a Humanidade esquece. Exactamente. Mas não durmo.

 Álvaro de Campos, in “Poemas”
Tirei-lhe formato-poema porque gosto mais assim.
Sai um cloxam pó Pessoa.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

momento poético do dia

''o mar é o suor da terra''

Porquê que a utopia não sai do campo da imaginação? Eis a resposta...



It takes a crane to build a crane
It takes two floors to make a story
It takes an egg to make a hen
It takes a hen to make an egg
There is no end to what I'm saying

It takes a thought to make a word
And it takes some words to make an action
It takes some work to make it work
It takes some good to make it hurt
It takes some bad for satisfaction

It takes a night to make it dawn
And it takes a day to make you yawn brother
And it takes some old to make you young
It takes some cold to know the sun
It takes the one to have the other

And it takes no time to fall in love
But it takes you years to know what love is
It takes some fears to make you trust
It takes those tears to make it rust
It takes the dust to have it polished

It takes some silence to make sound
It takes a loss before you found it
And it takes a road to go nowhere
It takes a toll to make you care
It takes a hole to make a mountain

Ha la la la la la life it is...so... wonderful
It is so meaningful
It is so wonderful
It is meaningful
It is wonderful
It is meaningful
It goes full circle
Wonderful
Meaningful
Full circle
Wonderful

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

lista de 70 Ilustradores...

... feita a partir do livro ''Ervilhas para verdadeiras princesas'' e de uma agenda 2011 ilustrada super fofa que está à venda na Gesto. (thanks titz)